24 de setembro de 2006

Situações (ou as ambiências descritas)


Descrição 1 - Vim aqui não para ser aceito por teu sentimento de pertencimento coletivo, mas para umedecer meus áridos lábios através dos teus, possivelmente adocicados.

Por aqui não me satisfaz amenidades de sentir a criação gentil dos símbolos que tuas palavras profetam, mas sim, com certeza, a possibilidade da mobilidade do tato criando ambiência para o desabrochar dos poros.

Descrição Especial - Crise da mitologia cotidiana, a sensibilidade mantém-se em vista de conceitos que se pressupõem incoerentes na perspectiva de aliar-se a capacidade - sutil - de organizar de maneira semântica, irrealidades concretas. Pois tudo parece tangível e impactante de um adjetivo mais ameno a um toque desprezível às mãos. Não que necessite de endurecer as relações, mas não faz sentido chorar mais uma vez por histórias de amor (ironiza-se?). É notório que a emoção é acionada por signos pontuais e é mais visível ainda a criação nestes momentos expectativas que beiram prospecções fantasiosas. A abordagem de um sorriso vazio não preenche mais.

Sentando-se smepre ao lado do umbuzeiro (maravia) que havia crescido a poucos passos da porta de sua morada. Alí estava em silêncio, acomodado por uma posição contemplativa do ambiente, como se pudesse esculpir com sua percepção as imagens que conseguia captar em seu mergulho, nas sensações momentâneas. Era muito mais fácil perceber o aroma aveludado das folhas que se movimentavam lentamente pelo vento. É importante prestar atençãoq ue, na descrição da árvore, não cabe adjetivos tais como mágico ou difrenciado. Partindo da sua percepção, apenas lúdico.

Descrição 3 - Quando eu me conheci estava sozinho. Haverei eu de (re)conhecer-me não mais em condição original?

As diversidades das visões adicionam ao olhar a perspectiva do simbólico retorcido de alma. Como molduras em frangalhos!

Não me sinto perspicaz o suficiente para banalizar a ilusão conteudístas dos que escrevem, nem pensar em forma parece mais original. E, pra ser sincero, só escrevo aqui pela borda "dibujada" do termo dissolvido pelas páginas. Sentido do caderno fechado!

Descrição 4 - "Me deixe hipnotizado pra acabar de vez com essa disritmia"*

É o seguinte: Eu não fiz cinema a toa. Queria ser fotografado na retina pra saber se, mesmo assim, eu ia sentir dor. O máximo que eu consegui foi virar luz por algum tempo e confudir o imaginário alheio. A minha conversa virou sessão especial em projeção di-gi e tal. É proibido veicular em qualquer lugar o pensamento sobre tal merecimento, mas na era tropical ele me disse ao pé-do-ouvido:
"é proibido proibir"**

Foto: Vânia Medeiros

*Trecho da música Disritimia de Martinho da Vila (na voz de Zeca Baleiro)
** Música de Caetano Veloso

10 de setembro de 2006

novodenovo


Quando ele me fitou os olhos, com seu carinho dobrado de limites, acariciou me a face sem tocar-me. De certo tranqüilizava o sentimento de ternura apaziguando todos os vícios de qualquer ser, antes banal. Agora vibração! Ele monopolizou a minha forma de enxergar a liberdade. Seria o tal responsável pela escada imagética que me proponho a erguer. Para que uma escada? Subir para onde? Ele interpreta os motivos comuns de ampliar o ver. Mais do que isso, ele exercita o movimento de forma tão simples quanto acordar com sorriso cristalizador. Da sua pele – camélia – do seu sorriso – margarida – dos seus olhos – rosa – das tuas palavras – tulipas! São as flores de você que atiçam a necessidade de estar a guiar o resto do caminhar!

“Estranho mas já me sinto como um velho amigo seu” *

Alinhou os passos, alimentando a sensação de pertencimento... era praticamente incorrigível a calmaria que se apoderava dos gestos quando ele está por perto. Fica a história como a possibilidade de dar passos ao mar. Carnaval antecipado nos sonhos de criatividade. A brisa pulsante ludibriava a visão. Ilusão? Não pareceria tal devaneio ao soltar do abraço dado no fim. Saiba-se aqui que o fim é sempre a perspectiva de um novo início. O que mais enche os olhos até aqui? Ele é arte! Ou bem próximo com seu colorido!


“O que você precisa ?
se você precisar.
Uma margarida comum
um beijo ou um simples abraço
que é pra você lembrar de mim” **.


Qualquer transparência nessa órbita, não parece acidental. Tudo estava tão escrito quanto lhe parece cabível em qualquer sistema lógico. Irreversível contato. Parece que quando se alimenta a condição de materializar o que se pode conceber como desejo cria-se condições cabíveis de nunca saturar qualquer palavra de ligação. Conectividade, diferente de um ambiente de apenas aceitação do pensamento.

Eu cantei para tentar fazer da sua atenção uma possibilidade de encontro. Dito e certo. O meu canto nada foi mais que te atrair para um outro canto. Apenas mais um! Outro a mais para o seu desenvolvimento.

Andar... ficar atento às vibrações das pálpebras. Ao limiar de qualquer símbolo em palavra proparoxítona. Parece inevitável um conceito de instantaneidade do estar. É momentânea a sensação de estar próximo. Calcula-se o valor de quanto o tempo radicaliza a previsibilidade, “na real” apenas não deixo mais o seu polegar aparecer nas fotografias!

“Eu levo essa canção de amor dançante pra você lembrar de mim,
seu coração lembrar de mim
na confusão do dia-a-dia no sufoco de uma dúvida,
na dor de qualquer coisa
É só tocar essa balada de swing inabalável que é o oásis do amor
Eu vou dizendo na seqüência bem clichê
eu preciso de você” ***

O que dizer da importante atenção que destinas? O que dizer do colorido? Ainda percebe a insipiência da construção de nossos símbolos, mas carece de saber que há mais que concordância e amorosidades... Há a sensível e notória vontade de completude. Revelar os segredos dos medos. Abrir a porta para um outro mundo... rir das interpretações dos recados postados! E mais... é ainda tem mais...

Texto em homenagem a Marquinhos (xotoko)

Ilustração: Vânia Medeiros

* Trecho da música All Star de Nando Reis (na voz de Cássia Eller)

** Trecho da música Um Simples Abraço de Nando Reis

*** Trecho da música Balada do Amor Inabalável de Samuel Rosa / Fausto Fawcett