5 de maio de 2008

.perpassar as chaves para ouvir*


.quis incrementar o tempo com aberturas possíveis. em diálogos sensoriais e auto-explicáveis. talvez a solidão tenha dominado a face e o rubor esqueceu de mencionar a falta de lógica no pensar o caminho a seguir. e ainda a sentir os impactos do som. os vícios do desejo, as linguagens do meu gosto. aguçar a irritabilidade na agonia ou o prazer atônito do saciar. sintonia fina ou explícita, tanto faz. acabei sabendo que não mais me importa a plena embriaguez do tempo e mais. eu me vigio pra não me culpar pelos limites que ainda não sei de mim. me sustento pelas beiradas a cama, pelos lençóis macios, pelo ventilador que faz som e vento ao mesmo tempo na minha madrugada.


.quis salientar a paciência como manejo simbólico do sentir. inigualável sensação de compromisso com o respeito a si mesmo. alimentar a vivacidade do sonho com a descoberta de que as relações são políticas do amor. o lugar do escutar é aberto para novas e concretas frases substanciais. lucro ou construção colaborativa. ao me ver, me escuto sensorialmente, sozinho. daí, simples! eu lembrei que não tinha passado todo o tempo me olhando no espelho - os olhos alheios. parei de ficar observando os atos e de repente não estava sólido, mas ultrapassando as vicissitudes do espaço.


.quis me ver sensível, libertino e libertário com o compromisso da sinceridade. me ofereci como isca pro afeto e ainda estou a procura do fisgamento. se estou preso a pescarias? talvez aqui pudesse definir meu conceito de sorte... ao longo do tempo me imagino sensível aos batuques, robustos aos toques, aprazível no que se tange os acordes. e as falas são belos sons. da importância do dizer como antônimo de imaturidade. e ainda desenvolvo pensamentos em palavras, como uma conversa comigo, música para crescer.


.quis estar íntegro as misericórdias, mas sinto que não deveria querer de mim. ao colocar fo(m)nes no ouvido, há vontade de transcendência. eu queria estar um pouco melhor, ou seja, agarrado a consciência tranqüila do estar só, do amadurecimento que é lento, da conquista de uma sabedoria que se acomete nos aprofundamentos aos poucos..e mais um começo. restabelecer o óbvio como liberação de formas sem precedentes. ri e lembra que é conjunto de histórias. leia-se, novelas. se se observar percebe que nada mudou. naquele momento de noite, fantástico, continuava sozinho.


Ilustração: Igor Souza


*do fotolog - compilações de pensamentos diários