25 de novembro de 2006

Eu preciso aprender com o semi-árido do meu coração!


A aliança entre satisfação de permanecer e o medo de caminhar se estabelece na primeira piscada sensível de olhos ao acordar. No próximo instante, as cenas dos capítulos irão se transformar rapidamente em narrativas sem sentidos. Nem o da vontade culta de não ter sentidos. É como se já não tivesse a calma de esperar converter o rito no princípio concreto de cotidianidade. Uma espécie de vestígio de incapacidade tardia de conviver com a falta de liberdade do outro pra si.

iden- (t) - idade

A rapidez que as coisas vão tomando para si causa a ligeira sensação de que é inoportunoa percepção que se constrói do olhar para dentro. Em todo o caso, outros importantes espeços imagéticos já se preocupam em servir como paradigma pra construção das suas identidades. Ou como elas próprias.

O eu (?)

Se conseguisse se livrar da culpa imposta de não conseguir perceber o próprio desenvolvimento das idéias, estaria mais calmo agora. Nunca um olhar mais contemplativo foi atravancado pela sensibilidade no olhar a si mesmo.

É completamente compreensível o medo de destruir marcos e, mais, do medo do possível medo que talvez possa sentir.

Tudo seria mais fácil se tivesse água! Ou melhor. Todos os muros que ele construiu é pela imensa sensação de semi-árido no seu caminho de emoções. Como nenhum outro, ele é sertão! E no campo das emoções fica na perspectiva simbólica de tentar conviver com o semi-árido constante do seu coração!

E canta Maria Bethania...

"Amores são águas doces
paixões são águas salgadas
queria que a vida fosse
essas águas misturadas"

Ilustração: Vânia Medeiros

18 de novembro de 2006

Ele D'ela


um homem (outro ele)

Ele, um outro dele
saía pelas portas marcadas de um lugar qualquer

Dele, um outro ele
deslizava pelos embaraços discretos de um outro dia vulgar

"SEM SARAR

Quando eu caía
Ele vinha
Me cuidava
Me erguia.
Já foi assim
Agora não
Ando gripada
Desde então"*.

a ele - e moro nele
passeia pelas esquinas tentando ser mais que retina de outrem

Mestre, um outro daquele
sem saída, sem saudade, sem liberdade pensante

"(...) Ah, meu menino!
Mas se você insistir em chegar assim
tão desavisado e de repente
sou capaz de me entregar,
me deito e me ofereço
ali mesmo no sofá.
E se você sorrir assim
tão sorrateiro e dissimulado
que faça eu querer morrer,
lhe como, lhe gozo, lhe beijo
e depois em outra cama
vou ligeiro lhe esquecer"**.

da barba, do roçar o pescoço
ou da pele simplesmente

ele, um outro ele e dele
habita em mim
satisfazendo-me

"Não solidão, hoje não... quero me retocar"***

Coisa de mulher
D'ele...

Ilustração :: Vânia Medeiros

* Poesia de Raiça Bonfim
** Trecho da Poesia de Liana Lisboa
*** Trecho da Música "A Mais Bonita" de Chico Buarque