14 de março de 2009

Saudade e aléns...



Upload feito originalmente por Ingrid Klinkby












Então eu vi a saudade.

Como se ela aparecesse em cristais sem muito sentido. Eu vi a saudade aparecer nada embassado, tudo bem articulado aparentando uma liberdade que se dissovle pelos cantos e não ignora o que vem escrito como futuro ou destino. Saudsade não é palavra somente é composição de canção legítima, é sentido de caminho, é fantasia imagética. Como se a vontade de estar se limitasse ao desafio de se surpreender pouco a pouco. E então nada além do desejo e da memória te ajuda a viver em paz.

Eu vi a saudade em desenho amarelo, como tinta em água formando objetos inclassificável. Nem realismo, nem abstração puramente. Um quadro que não se esforça em si, é o próprio olhar, o complemento da ilusão em cores singelas. Saudade não é real, mas também não é somente criação. Saudade é.

E quando não mais me espantar pelos deslizes do tempo que obriga a formar imagens de um outro lugar de sensação, lá vem a saudade como uma invasora me dizer que eu preciso mais de mim do que eu penso. É que a fotografia que vi me disse que a saudade se forma como quebra-cabeça das emoções que me completam, como se os outros soubessem de minha solidão e me acompanham em lembranças. Como se eu fosse e eu sou.

Para e de Ingrid Klinkby

8 de março de 2009

Longas cartas pra ninguém I*


Ontem o dia foi longo. Não deu para sentar em uma pedra na beira do mar, ou embaixo da sombra de alguma árvore para ler, nem mesmo ir ao cinema. O dia foi longo, durou mais do que os dias anteriores e isso foi bastante diferente. Significa que me preocupei em sentir a respiração para ver se continuava ou de contar os passos na rua para ver se o sol não me pegava tão rápido nas costas. Uns pensamentos que ficam se movimentando e de repente paralisam o tempo. Duro mesmo foi o momento de pensar no tempo, o porquê ele e dinâmico, qual o motivo de acrescer os desafios e trazer cada vez mais a responsabilidade de se cuidar sozinho. No fundo é tudo fruto de muito medo. O medo alonga o dia.


Em verdade, estava querendo dizer que há os dias e eles devem ser bem vividos, como parafraseio a da Lis no peito.


Ontem também foi um dia que pensei bastante. E pensamentos são sempre um mistério, a gente começa com algo que nos chama atenção mas nunca sabe mesmo onde vai parar. Ah! Esses pensamentos que não superam as sensações. Sempre acho que vou ter respostas e as dúvidas aumentam cada vez que algum conceito vai se firmando. Como pré-conceito talvez, mas como algo sedimentado. Eu não acho lógico a idéia de que não teremos certezas, mesmo entendendo que só vivemos mesmo pelas perguntas que nos movimentam. Talvez por isso não consiga abandonar o acho quando as frases saem de forma afirmativa.


*Alguns trechos de cartas pra...

Bilhete


ide ir mais fundo

ide sempre

de sol a sol

de luz em luz

a dobrar os castelos

retos e curvos aos barracos

e deixar para trás os caminhos

e não olhar pro ontem

muitas são as noites

diversos os luares

e suntuosos os palácios de promessas

e incrédulos os absurdos da ilusão

onde - meu deus!

Quem – meu deus!

espinhos esgueiram-se lépidos e traiçoeiros

radicais promovem uma corrida infâme

ainda assim

e então

para o caminhante há de sempre o destemor

os buracos da estrada são visões

o olhar sereno, resoluto – a beirar o tempo

a visão atribulada, tórrida – esperando os momentos

o centro da dança das fogueiras em festa

a alegria do fogo não queima

alegria!

Toca!

ide ir mais fundo

ide sempre

de sol a sol

de luz em luz

a ouvir de sinos o eterno chamado

falando dos sinais a seguir

em cada longínquo campanário

no amor do canto de outrem

e só

e continua...


Texto (ou vice-versa)
Rosa - Ismael
Verde - Niltim