19 de fevereiro de 2011

Sobre o sexo - Parte II


São dois. Não estão exatamente sozinho. Mas um mundo de liberdades os ronda. A assiduidade dos corpos em se encontrarem é mais do que inevitável, é reconfortante. Soltos a tensão de não estarem os rasgam mais do que a solidão de quando estão juntos. E então continua.

A mão cavouca como se ela própria quisesse chegar ao fundo, ao limite da junção de dois. Ora, lateja em propensão a sensualidade proferida pelos poros corporais. Sentem, um do outro, o arrepio que dá o tesão e a experimentação do gosto e do saboroso gosto do sexo. Ampliou a sinestesia, prazer doloroso, como se fosse o afágo da materialidade.

E mais, a lígua percorre o tronco... peitos, peles e umbigos. Úmidos. E então o gosto na boca é de carne, refluxo de sangue e ardência. Suspiros e ais. Um quase orgasmo declarado solenemente. Mas segue o fluxo e mais...

Ilustração: Vânia Medeiros

7 de fevereiro de 2011

Sobre o sexo - parte I


Um corpo e mais um desejo. Roupas. Distância e olho no olho. Despe-se o outro com um olhar. Enconsta e respiração, expiração na face, baforada quente de volúpia. Enconsta. Lábios na bochecha, pescoço virado. Lábios no pescoço. Ardência, arrepios no pelo, lábios sobem de pescoço para orelha. Beijos constantes e mordida no lobo. Lábios lambuzam a bochecha novamente procurando os outros. Encontro, faíscas, uma abertura assimétrica, entradas e saídas.

Mãos - são apertos na nuca, procura a posição nas costas, encaixe na coluna. Carícias pelo cabelo, toques nos ombros largos que se mobilizam pela suavidade do tato. Deslizes, desce a mão e acha os bolsos de trás da calça, aperto.

Respiração, toque, cheiro!

continua...


Foto: Pedro Vasconcelos