24 de agosto de 2006

Fotografias da monotonia no amor!


Com nenhuma certeza e algumas decepções, andava na convicção de que o amor e as coisas do coração não são para todo mundo. Não tinha infelicidade, mas incompletude. Típica sensação de frustração que, entre tantos outros sentimentos, faz desmanchar líquidos por onde se consegue ver. Se diferia de poema, pois já não possuia caminho vindouro, também não encontrou pedras por aí. A beleza não tardava a se refeltir. Composição de quadros naturais, passeio por exposições em chão de madeira, fotografias do século passado, as pinturas dela no universo virtual, música de crianças negras, milhares de frames por horas de fábulas. Já tinha apreendido o catar as folhas secas deslumbrado com tantas outras que ainda hão de cair. ânimo novamente e paciência para construir o cotidiano - vontade de palhaço, porto verde. Sentava na cadeira de madeira no passeio nas águas vermelhas a observar os desenhos surreais pintados e autorizados nos muros que os cercam.

"(...) When I saw the break of the day I wished that I could fly away Instead of kneeling in the sand Catching teardrops in my hand My heart is drenched in wine But you'll be on my mind Forever (...) Something has to make you run I don't know why I didn't come I feel as empty as a drum I don't know why I didn't come"*

Depois de horas de rodar na cidade chega ao fim do dia subindo escadas rumo ao colorido lugar da imaginação empírica. Foi lá que voltou a estar insatisfeito com a monotonia romântica. Por que apareceu na janela um delineado rosto, um objeto para melhorar o olhar, encaracolados e grandes cabelos. Já partia para um outro espaço. Não se permitia, desencorajado - de fato - encabulado, manter o olhar para aquela face.

Submergia a um lugar pouco atingindo pelo ambiente. Ninguém ao redor consegue imaginar a amturação interna de suas angústias em relação ao que se via. Tudo se mistura: esperança, desejo e vontade de sair do lugar. O toque involuntário é inoportuno e insatisfatório. O que se prima de sensato até então é a propriedade imagética e intocável do sentimento.

Das necessidades todas, das recordações, um aroma aprofunda a magneticidade dos corpos e as palavras se quer merecem suas próprias limitações aqui. Essencial foi permanecer na imaturidade do intelecto e ir percebendo a taticidade que a ilusão pode criar. Como se uma grande estrela pudesse pousar como borboleta nas costas da inspiração.

Como tudo não passa de desejo em suas mais pura complexidade, a simplicidade deu lugar ao pensamento delicado. Um lugar arisco, onde o querer é não ter o poder que necessita. Então, volta-se para a arbitrariedadeda carência e se questiona acerca das condições para afetividades "atemporais". Tudo deve começar novamente, calejado de indefinições, arquitetura do pensamento questionador.

Ilustração :: Vânia Medeiros

*Trecho da música Don't Know Why de Jesse Harris (na voz de Norah Jones)


2 comentários:

Lua disse...

Simplesmente lindo.
Vc sempre me rouba as palavras dando lugar ao suspiro profundo.
Perfeito demais, Lindo Niltinho

Anônimo disse...

mmmmmmmmm.
siempre me gusta isso aqui...