
"Será que já não vi De modo impessoal E em tempo diferente Um dia estranhamente igual Dias iguais - Avareza de Deus Passando indiferentes Por estranhos olhos meus"*
Na sensatez atroz, desconhece imagens no espelho, chuva que molha a meia dentro do sapato, encontrar dinheiro esquecido no bolso da bermuda que não se usa mais. Quem sabe o vazio se aprofunde, quem sabe a liberdade seja o in. "Angustia de quem vive... Fim de quem ama"**. Obstante o aparecimento da lua no céu, migra-se paciência outrora confessado para um reino fantástico pintado em seus muros de vermelho-barro. Com a mesma assiduidade de piscar os olhos e para expandir-se em imagens (cons)cientes. Qualquer forma de exibição. Qualquer amor.
"Blackbird singing in the dead of the night
Take these sunken eyes and learn to see
All your life
You were only waiting for this moment to be free"***.
Dar passos, então, se propõe agora a significar continuidade, menos inquisitória que qualquer carinho. Colorido feito as estrelas distantes. Enfretando retas no chão, colhendo folhas secas. Perpetuando normalidades de tal modo que não se enxergasse o outro lado da janela transparente. E chove lá fora!
Ilustração - Igor Souza
* Trecho da música Outra Noite de Chico Buarque
** Trecho de Soneto da Fidelidade de Vinícius de Moraes
*** Trecho da música Blackbird dos Beatles
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