12 de setembro de 2007

Ela dança jazz suave!
















E tudo começava a parecer óbvio demais... caminhos parecidos, decisões inoperantes, alegrias pequenas. E mais, particularmente ela não arraigava solidão! Plantou três sementes na varanda perto da janela. Disseram que o verde rejuvenesce o sonho. Manejava os pensamentos para tornar saudável o tal subconsciente, como se Freud não fizesse nenhum sentido para seu pensamento irrisório. A minúcia do sentir não a paralizava, ao contrário, agitava suas expectativas em relação ao próximo passo. Em dias de roda de samba, vestia a saia branca rodada para impressionar os transeuntes. Nos outros horários, calça jeans e aparelho de mp3 para acompanhar a solidão. Ela sabia do prazer do chocolate tal como da sensação de liberdade vertiginosa que parece sentir, com todas as malícias, todos os búzios, as criatividades!


"Quando pára o samba

Eu lhe tiro pra dançar

Você me diz: Não

Eu agora tenho par
E sai dançando com ele

Alegre e feliz

Quando para o samba

Bate palma e pede bis"*

Se esgueirava pelas brechas do caminho, a tal menina. Olhos castanhos, desenhados com tal esmero pela luz que refletia um verde tão claro castanho. Molestava o ócio, distribuindo para o universo uma energia exaspiradora. Crucial mesmo para ela é andar descalça pela areia da praia e quebrar conchas para ouvir o barulho do "craft". Tomava coca-cola a noite, depois de desligar todas as luzes, até a televisão. música para comer, para escrever alguma coisa, para conversar. Maquinava alguma forma de ter que passar pelo caminho de praia, para ficar olhando para o mar e pensar coisas diferentes, tal como economizar dinheiro para comprar plhas novas ou qual será o filme que irá assitir, provavelmente sozinha naquele cinema bonito.

"Eu sou a casa do raio e do vento

Por onde eu passo é zunido é clarão

Porque Inhansã desde o meu nascimento

Tornou-se a dona do meu coração"**

Pouco tinha pintado os lábios de vermelho. A tentação era tentar se mostrar de um outro ângulo para angariar sorrisos bonitos, cheiros no cangote, beijos ardentes. Até acordar na poltrona desconfortável do onibus. Arruma os cabelos bagunçados pelo vento da janela. Pede o ponto e salta meio atordoada sem saber direito por que tinha tomado tal caminho que aceitara. Andava pelo centro da cidade, olhando atentamente as coisas que via todos os dias. Entrou naquela porta de vidro, largou a bolsa na sacada e aceitou o vinho para entrada...

"I go out walkin'

After midnight

Out in the moonlight
Just hopin' you may
Somewhere a-walkin'
After midnight

Searching for me"***

Foto: Vânia Medeiros

* Trecho da música Sem Compromisso de
Geraldo Pereira; Nelson Trigueiro (cantado pela Orquestra Imperial)
** Trecho da música A dona do raio e do vento de Maria Bethânia
*** Trecho da música Walkin' after midnight de Madeleine Peyroux

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito Lindo TIm.
Essa mistura, essa pessoa especial.
Essa vida que vc deu vida pela arte!

Guegueu Schade disse...

Massa cara,, parabens, nunca mais tinha passado por aqui.. e hj decidi deixar uma 'con-fabulação' rsrsrsr
abração;
até mais..