Na outra oportunidade deles estarem assistindo a atitude de querer um ao outro, mais que algumas bobagens foram produzidas em imagens pelas mentes. O que se chama de sonho era para eles a intensa necessidade de caminhar pela praia de mãos dadas. Era mais que criatividade e o que estava sendo dito não passava de mentiras abstratas. Cada vez mais serenidade encolhida na abstração do que se desprende no leito de viver. Cada respiração era um fardo e quando não era decisão no estar, mais que bagunça existia. Todo ar era falseado e inatingível. Diálogo nesse instante. Puro diálogo amorfo. O que dizia um era aceito pelo outro como complemento da alma. Pendiam árvores de segredos incomensuráveis. Tinha que ser símbolo de impressão oficiosa. Taciturna forma libertária de flexibilizar a ordem dos sentidos, mística de dois. Como o nadar juntos pelos fluídos vazios do preenchimento. Ordens não existiam, apenas intencionalidades estanques e não tão rígido. Na crendice de que o amor passa a adquirir aspectos políticos na sua sustentabilidade, fica o reconhecimento de que a alegoria fundamental da práxis do estar junto se manifesta no dizer-se ao outro e ouvir-se em si, assim como no anteposto. Se ainda está no imaginário, em confusão, pode-se verificar na dificuldade de desenvolver a linguagem dos casais. Eles ainda param sem saberem de si por que estão no outro. Pressupõe dislexias e falta de compromisso com argumentos concisos. A reflexão é continuada por desistir de entender a prolixidade deles.
“Sem essa de que estou sozinho
somos muito mais que isso
somos pingüins, somos golfinhos,
homens, seria e beija-flor
Viver é foda, morrer é difícil
Te ver é uma necessidade
Vamos fazer um filme
E que é difícil ser feliz, mas do que somos todos nós
Você supõe o céu
Sei que o vento que entortou a flor
Passou também por nosso lar
E foi você quem desviou com golpes de pincel
Eu sei é o amor
Que ninguém mais vê
Deixa vir a moça
Toma o teu
Voa mais
Que o bloco da família vai atrás.“**
“(...) De repente cai o nível e eu me sinto um imbecil
Repetindo, repetindo, repetindo
Como num disco riscado
O velho texto batido
Dos amantes mal amados
Dos amores mal vividos
E o terror de ser deixada
Cutucando, relembrando, reabrindo
A mesma velha ferida (...)”***
* Trecho da música Vamos fazer um filme de Renato Russo
** Trecho da música Além do que se vê de Marcelo Camelo
*** Trecho da música Não vale a pena de J. E P. Garfunkel
Um comentário:
Algumas dessas palavras ficam soando na minha cabeça:
pressupõe dislexia
pressupõe dislexia
pressupõe dislexia
pressupõe dislexia
...
dava pra fazer um samba...
f.
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