2 de maio de 2006

Santa, barroca e baiana


Quando ia imaginar que uma vontade de estar tão bastante próximo iria acarretar no desejo de estar sempre. Ela é tão cheia de si. Linda. Ela é tão beleza e sorriso de flor. Não era admissível no âmbito da construção imaginária a possibilidade de encantamento de um ser tão belo assim. Quando avistada pela primeira vez por dois olhos surpresos, foi admiração em primazia. Era mais que o sorriso. Era o jeito do toque. Era a inexperiência engraçada. Era o momento proporcionado. Tudo tinha se preenchido de outras expressões semânticas quando aqueles olhos a avistaram. Tinham muito em comum. Mais do que se podia imaginar naquele momento. Os dois olhos que a avistaram tina certeza de que tinha encontrado algo muito especial ali. Mesmo que não pudesse novamente mirar. Mas, tamanha surpresa o contato foi feito. Havia a possibilidade de estar. De observar novamente. Tinha o medo, mas nem isso era tão forte. Aconteceu o que não se esperava ali. Uma combinação sensível.

"Você viu só que amor
Nunca vi coisa assim
E passou, nem parou
Mas olhou só pra mim
Se voltar vou atrás
Vou pedir, vou falar
Vou dizer que o amor
Foi feitinho pra dar
Olha, é como o verão
Quente o coração
Salta de repente
Para ver a menina que vem (...)"*

Neguinha, assim tão linda. Ela tem um magnetismo que atrai e uma sensibilidade de natureza do incomensurável. Ela e um “que” diferente. Ela mais decidida que o homem pode ser. Um encontrar avesso. Uma indisponibilidade. Cantarolar músicas de Marcelo Camelo ao lembrar dos cachos suaves de seu cabelo. Porque se tinha possibilidade de ainda lembrar de um rosto que, de tão leve, anuncia sempre a morosidade e singeleza de um ambiente que favorece um sorriso de expectativas. Uma marcha constante para lembranças, para boas saudações. O que provoca é intensamente necessário e ela é mais que qualquer mágica. Talvez ilusionismo sim, mas beleza acima de tudo.

“Vem pra misturar juízo e carnaval
vem trair a solidão
vem pra separar o lado bom do mal
e acalmar meu coração

vem pra me tirar o escuro e a sensação
de que o inferno é por aqui
vem pra se arrumar na minha confusão
vem querendo ser feliz”**

O que ela ainda não sabe é que nada mais que sua solidez foi imprescindível para a comoção pura daqueles mesmos olhos que a visitaram. O amor não dá mais lugar a nada. E mais uma estrela brilhante chega para iluminar qualquer sombrio céu de nuvens de chuva. É tão rosa que nada impede a interação com as luzes que a fixaram. Não se tem nenhum jogo. Muito mais que isso se desloca. Mas há mistério ainda no desejo. A única coisa que se tem notícia é de que os olhos que um dia a encontrou deu um sentido único a perspectivas. E, mais uma coisa, é tanta beleza vinda dela que a vontade de estar é sempre bem vinda. Talvez tenha a possibilidade de cantarolar outra canção:

“My baby don’t care for shows
My baby don’t care for clothes
My baby just care for me
My baby don’t care for cars and races
My baby don’t care for high-tone places”***


Em Homenagem a Luana

Ilustração :: Vânia Medeiros



* Trecho da Música Samba de Verão de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle (na voz de Caetano)
** Música Feliz de Dudu Falcão (na voz de Maria Rita)
*** Trecho da Música My baby just care for me cantada por Nina Simone

5 comentários:

Lua disse...

Fazer um comentário?Não, desculpe. Não consigo!

Anônimo disse...

Comentar...antes de organizar as palvra p escrever eu me arrepiei!
Se fosse pra eu dizer alguma frase com sentido, diria:
Você tem um jeito de escrever que tem visgo. Tentei parar no meio, mas não consegui.
Esta noite eu ganhei um presente: O prazer de uma maravilhosa leitura e o prazer de descobrir um grande autor!

Se quiser conversar me adcione no msn!

Anônimo disse...

niltim meu querido...
adorei seu blog.mas preferia q vc tivessen um flogao,mas axo q n tem nada a ver c vc ne?
bjao

Anônimo disse...

É tanta gente colorida nessa letra preta...
Tanta beleza...

f.

Anônimo disse...

bom comeco