1 de agosto de 2006

Libertá

"no baú vai ser achado a sua estrela renascerá
a janela está aberta

a casa é sua, pode morar o que falta é alguém
falta alguém trazer prazer

durmo sempre no meu quarto sozinho
esperando você chegar
a janela esta aberta a casa é sua, pode morar

os dias vão me mostrando o que sei
e não quero acreditar
não tenho sentimentos nem hora
agora nada mais importa se nada me acalmar
nada mais vai importar"*





De um lugar seguro, de onde se pode ver o céu distante. Um azul distante. Os sentimentos se tornam capazes de ambientar espaços inacabados, como um coração traçado para estar vazio. A grande conclusão é de que não há possibilidades de verdades cabíveis no cotidiano e que até as não conquistas fazem parte do chamado "miud
inho do dia-a-dia". A sensibilidade, característica marcante nos insetos coloridos e nos órgãos reprodutores dos vegetais, acabam inspirando novas expectativas de amorosidades. Românticos, tem nessa esperança a fuga e, quase sempre, a interatividade com um tipo de realidade inventada.

Outra realidade, ainda mais ilusória que a posta.
Podem ver por essas palavras que uma crise se instaura na percepção sobre o jogo da necessidade pictórica do prazer e da necessidade de outrem. Uma crítica a tal regra personalizada nas convenções sociais e radicalizadas em artes. Um andar. Um olhar assíduo na desconstrução de prioridades.

Carnavalizar as sensações de acordo com o movimento cada vez mais pragmático. Do insípido colarinho fino rosa, da imagem encarnada na estampa de algodão, no gosto branco dos dentes no sorriso da moça que atravessa a rua nesse momento.
Nas ruas escaldantes de sol se escondem as inimagináveis construções simbólicas do relacionamento social! Amantes são realmente compreendidos e são lindos. Ah! eles são lindos!





"A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade perdida
Finda a tempestade
O sol nascerá
Finda esta saudade"**






Vai ver o instrumento utilizado para descontrair seja inseguro o bastante para obter algum tipo de criatividade. O limite do trivial, do comum. A sensibilidade retratada é mais um estético arbítrio, liberdade de escolha. Para ser mais sincero destino existem e estão determinados. Ou ainda mais, as escolhas é que são destinos!

Falta simplesmente a irradiante possibilidade de conquistas. De certo falta beleza. De certo!




"Ah, se eu aguento ouvir
outro não, quem sabe um talvez
ou um sim
eu mereço enfim

é que eu já sei de cor
qual o quê dos quais
e poréns, dos afins, pense bem
ou não pense assim

eu zanguei numa cisma eu sei
tanta birra é pirraça e só
que essa teima era eu não vi
e hesitei, fiz o pior

do amor amuleto que eu fiz
deixei por aí
descuidei dele quase larguei
quis deixar cair

(...)

Que desfeita, intriga, o ó!
Um capricho essa rixa; e mal
do imbróglio que quiproquó
e disso,bem, fez-se esse nó

e desse engodo eu vi luzir
de longe o teu farol
minha ilha perdida aí
o meu pôr do sol"***


Ilustrações :: Arquivo internet - Iansã Negrão - Vânia Medeiros


* Letra da Música Baú da Banda Mombojó

** Trecho da letra da música O Sol Nascerá de Cartola (No pout pourri Dois na Bossa - Elis Regina e Jair Rodrigues)

*** Trechos da letra da música Paquetá da banda Los Hermanos






Um comentário:

Anônimo disse...

"como um coração traçado para estar vazio"

de qualquer forma...
nem seria coração,
nem traço,
nem havieria espaço...

não seria comigo, se não fosse assim.

f.