5 de fevereiro de 2007

De repente andar...


A missão disponível era caminhar... saiu de um bairro imaginário para uma comunidade criada por um caminho que ia desenhando. Ia construindo as paredes todas e até os paralelepípedos. Sozinho, ia delineando as paisagens como se o olhar fosse pincel e como se a luz do sol contivesse todas as cores que necessitava. E tinha. O engraçado é que tinha muito sol, então muitas cores, dessa forma se esbaldou em tintas que até então não tinham sido misturadas. Acompanhou o seguimento dos ventos, indicando por onde ir e alertando com símbolos por onde deveriam existir os passos. O objetivo estava apenda começando a se cumprir.

"Por um segundo
Achei que estava lá
Olha! Que luz é essa
Que abre um caminho
Pelo chão do mar
Lua
Onde começa
E onde termina o tempo de sonhar?"*

A atitude tinha a ver com a palavra meta. Nada era tão certamente concreto, mas tinha todo o sentido. Para que se possa entender ele já se tinha desenhado anteriormente. Agora precisava cumprir outra missão. Seria desenhar pontes? Seria apenas chegar a outro lado? Seria construir lugares? Não se podia ter certezas, mas tinha convicções seguras. E construia casa, pintava praias no caminho, desenhava grão por grão de areia, sinuosas sensações de frio e calor. Pela estrada que imaginava, passava sem caber em si de tão verdadeiro. lembrava do que lhe era sutil e andava em direção ao que se tinha que fazer.

"Vou mostrando como sou e vou sendo como posso.
Jogando meu corpo no mundo, andando por todos os cantos.
E pela lei natural dos encontros, eu deixo e recebo um tanto.
E passo aos olhos nus ou vestidos de lunetas.
Passado, presente, participo sendo o mistério do planeta.
O tríplice mistério do "stop", que eu passo por e sendo ele no que fica em cada um"**

A liberdade também foi sendo formada... continuamente. Andar era legítimo, criar de tal forma que se pudesse continuar a existência. Indignação e Paciência também sempre fizeram parte do vocabulário. De nada serviu a consciência ou qualquer pensamento sobre, mas o prazer da justeza sim. (Repete-se o conceito de justeza - justiça + beleza). Sem ignorar nada, ajeitou o tapete que acabara de pintar com seu olho e andou como gato que levemente faz carinho em quem tiver por perto, manso e nem um pouco temeroso.

Quando foi saber qual era o objetivo já estava cansado. Foi quando bebeu a água que pensou em existir e dormiu. Aí já se sabe, em sonho construir outros mundos é coisa melhor do que brincar de colorir o mundo.

Ilustração: Vânia Medeiros

* Trecho da música Pedra e Areia de Lenine e Dudu Falcão
** Trecho da música Mistério do Planeta de Galvão e Moraes Moreira

Um comentário:

Loran Santos disse...

Niltim, adorei seus textos, tem muita poesia, muita sensibilidade.
Gostei mesmo viu! Já ta na hora de publicar um livro. Um Best seller!
Abração cara