22 de setembro de 2008

Um homem de sonho - parte I*


Ele estava do outro lado da rua. Tinha seus 26 anos. Nem parecia querer atravessar a pista. Queria mesmo era contar o tempo que o sinal de trânsito estaria se movimentando. Isso porque ele não precisa de mais nada do que o pensamento circundante. Não lhe falta movimentação. E, enquanto pensava nisso, ele deu passos a cruzar aquela estrada. Muito menos sinuosa e mais destemida do que em qualquer outro momento que já tinha vivido. caminhou por um tempo com aquela sensação de liberdade nos peitos. Nada de especial parecia soar daquele desafio de sair de um lado pro outro. Apenas ele era especial e ninguem, realmente, tem alguma certeza sobre ser assim, sozinho e exclusivo. Atravessar a rua é olhar para tantos lados for necessário. É como viver. Por que viver, não é apenas tempo para escolher caminho, mas coragem dos passos e cuidado com o que há por vir. De certo não há um viver somente, assim como não há um apenas fechar o sinal. Entre a pista, carros e as pessoas, tem o pensamento. E como tinha dito, ele não precisava mais de outra coisa enquanto não andava, a não ser o pensamento. Agora que tomava propulsão chegaria ao outro lado depois de pensar e depois de gente, de sol, de vento de outras vontades e ainda mais pensar. E se tivesse alguma dúvida no meio do caminho? Sorriu ao aguçar essa possibilidade da dúvida... Até por que os caminhos não tem asfalto de verdade, um pé não empurra os ideais pra poder seguir com o outro. É quase involuntário aprender e seguir. Como equação onde a divisão do refletir e a estrada é sempre a dúvida, só se falta multiplicar pela coragem e pronto... certo de que não há ciência exata, chega ao outro lado da rua ainda com as mesmas questões que se fizera no meio do caminho. E o outro lado começa a existir.

* conto dividido em frações de vontades
Ilustração:
Vânia Medeiros

Um comentário:

Anônimo disse...

Do outro lado da rua não é do outro lado da vida. Nem outra vontade.
Beijoss