30 de novembro de 2009

O homem que me queria


Ele me olhou de longe e com uma saudade nos olhos argumentou qualquer coisa que fizesse um sentido para nós. Quis me dizer palavras bobas e irrequietas, na condição de liberdade saliente. Mais do que querer, ele ansiava por um olhar qualquer, sem perder nenhum sentido. Eu bem que quis tentar desviar a sutileza, mas me contentei com o abdicar. Deixou de me querer de forma efêmera.

Ele me olhou de longe com o interesse de obter mais informações, muito menos do que o carinho necessário. Quando estava a ser observado, entendi que ele me queria mais do que o tempo, menos do que o espaço em volta, como se quer a uma história coerente. Eu bem que tentei disfarçar a minha insegurança naquele momento, já que não estava a contento de suas expectativas. Deixou de me querer de jeito paciente.

Ele me olhou de longe na inventividade de um olhar para me exigir o direito de ir e vir. E eu que tanto prezo pela liberdade de outrem. Assim que ele deu uma brecha no olhar, cuidei de ter um óculos escuros, uma nova imagem a me fixar. Pensando bem era como se eu mesmo me quisesse e não conseguisse absorver o querer.

Ele, então, nunca tinha estado a me querer. Passou despercebido mais uma vez. Deixou de me querer.

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