21 de abril de 2010

Por outra margem...


E se acabou de ir e vir e de tanto voltar que estava sem beira. E se alongou de reunir a inerência do andar como rosa de feira. E se imaginou no rito de ruir e implantou uma liberdade de beira. E inovou na posição de cantar ouvindo mastros de bandeira certeira. E se mostrou como mágico na cisao dos segundos mandando os cortes para a luz a escuridão rotineira.

Oh pessoa fora do roteiro, realinhe seu olhar para o real, para que sua inexistência não siga reta sem curva, sem eira.

E rosnou gritos de silêncios para fazer inútil sua razão passageira. E observou atentamente a poesia que se acaba por si na praça para montar como arte a sua humildade, besteira. "Minha alegria num instante se refaz, pois temos o sorriso engarrafado"*. E não comprou sentido no supermercado, estava em falta a ilusão varejista. E foleu a revista de ação, com imagens de dragões cuspindo fogo por que a aventura era sua inteireza brejeira.

Oh pessoa longe do destino, componha um certo número de verso que estará pronto para a serra estradeira.

E depois de sentir qualquer coisa que não estava a esperar, entendeu que a imaginação é participação de si mesmo para a construção do caminho. Partiria agora para a alcunha de pessoa inteira!

Foto: Vitor Freire
* Trecho da música Parque Industrial de Tom Zé

3 comentários:

Anônimo disse...

pessoa inteira, livre somente da realidade. Inteira nas bandas de dentro e de fora.

Vitor Freire disse...

A solidão detesta eufemismos ou sinônimos. Mas permite que o seu antônimo seja vasto, seja vida.
Feliz de ver a foto aqui.

Franklin Marques disse...

um turbilhão de afectos!