6 de setembro de 2012

poema do desapego (sem sentido)















E então os dois eram apenas um em vácuo
era uma única esperança
um único verso 
uma única solidão temperada de desassossego
era a sorte vazia
a intensidade camuflada
era a noite sem sentido

E então não havia conexão em duo
pois 1 + 1 não podia se somar
havia um parêntesis alocando o outro
se sobrasse, talvez teria uma antítese
equação sem sentido

E então tinha o medo
a vergonha do outro
o saber-se só sem estar tão só
sem coragem de dizer o não
sem memória de dizer da ilusão
e para a tristeza
sobra a criatura sem sentido

E então mais uma vez
titubeia em lampejos de vontade
e lembra que não há eco
não há reflexo possível
(talvez uma refração de leve)
para por limite ao encontro
para sonhar o impossível de casal
dormir pra esquecer
que mais uma vez escorrega 
na irrequieta e sintomática
criação de uma paixão sem sentido

Ilustração: Vânia Medeiros

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