12 de abril de 2012

Ele, o peixe!

Andava pelas ruas em ritmo descompassado e sem sentido único. Disperso, exibia dentes cerrados, afiados na direção do seu desejo agressivo de produzir, nem que fosse sonho. Animava as sensações com o jeito de peixe, escamado de traços em contrastes de preto e branco. Quadros, retângulos disformes, cores preenchidos em tons opacos. Peixe-monstro, sem ruídos e com segredos.

Voava por um céu colado por pedaços e recortes de revistas, saturados e com marcações de símbolos sem significado original. Ainda continuava a dormir em chita fina de algodão, com fiapos desordenados. Seus olhos eram duas bolas pretas com um rabisco branco desenhado para olhar com vontade.

Não era nenhuma sereia, pois não tinha metade humana, apesar de aquele peixe voador ser um homem incompreendido, rouco de salivar por outros homens e mulheres, todos tão belos que sempre o ignoravam. Nem medo ele produzia em outrem, aberrações já não mais eram novidades em épocas de normatividades descartáveis, sugeriu ele para aliviar sua tristeza.

Peixe pensante, homem escamoso, tanto fazia! Mais importava entender razões em sentidos e desejos inconfessáveis dentro daquela pele e respirando por guelras. Naquela cidade aquário, era possível que fosse mais do que imaginação.

Ilustração: Vânia Medeiros

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