2 de setembro de 2013

Meu amor não é meu!



Me vesti de um deslumbrante desatino. Uma túnica que cobria as minhas vergonhas sem dó. Era como uma contrapartida para que minhas insanidades estivessem palpitantes e destrinchadas em uma sintonia fina com o desejo. O lugar que eu estou só vejo interseções entre a imprevisível solidão e a robusta necessidade de estar só, tanto que não me parece sorte, mas hipocrisia interior.

Meu amor não é irrestrito, pensei. Mas dissolúvel e imaginário. Sempre que posso argumento que não preciso de vitaminas de olhares desejosos, mas sempre me contradigo em pensamentos. Continuei a refletir sobre como o contraponto me faz mais duvidoso.

Ora, não seria a ilusão o preço da conquista? 


Exonerado, a vicissitude corrompia as entranhas como sangue irrompendo veias não dilatadas. Ardia a incompreensão absurda do não viver. E mais que mais que fosse, geralmente só se sobrepõe ao gosto, o gesto simbólico do: "não te quero mais", na verdade nunca me quis mesmo. E então a fantasia era um ciclo sagrado de maus presságios e de insensatez.

Pra que então os pensamentos, questionou de forma ridícula em voz baixa. Ignorante que era, caberia mais algumas tentativas de saber para de fato chegar a conclusão de que sem o pensamento o vigor que é a vida estava chegando ao fim. Se assim fosse em pensamento, teria sérias consequências, avaliou? Não valia a pena continuar.

Nadaria uns 100 metros a frente sem coragem, descobriu que mesmo que se aprofundasse ao oceano de amor não tinha merecimento, tal qual de volúpia no olhar de outrem pra si. E o ego afundou...


 *Trecho da música A linha e o linho de Gilberto Gil
**Trecho da música Figura de Retórica de Gilberto Gil

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