8 de fevereiro de 2006

Crônicas de seres solitários

Sozinho no quarto, volta à tona as lembranças de momentos tenros de ardência voluptuosa e de carícias prolongadas pela noite afora. Sim, foram momentos eternos que deixaram o gosto seco no paladar aguçado por uma continuação. Mas está sozinho agora e o que resta são só as lembranças daqueles momentos. De repente, há uma vontade no ar de se completar em si mesmo, pois o corpo pede encarecidamente por realização de desejos. Começa a pensar naquele dia e se excita. As mãos começam a passear pelo corpo enquanto em sua volta o clima se torna diferente. Há aroma de prazer que se espalha enquanto seu corpo é tocado com presteza devagar causando uma sensação agradável de satisfação e emoção. Na memória o entrelaçar dos corpos se confundem com a descoberta de novos toques e com isso novas sensações. A respiração começa a modificar, o coração bate cada vez mais acelerado, os poros se abrem os olhos enchem de lágrima, o movimento das mãos segue o ritmo da pulsação do corpo. Um cheiro de flores penetra no ar, tudo fica mais bonito. Um grande sorriso se abre para ninguém que o contempla. Está sozinho sim, mas agora está preenchido com a sensação do mais puro orgasmo do mundo. Perde-se o sentido do corpo, os pés parecem coberto de formigas a passar. Agora um outro mundo é possível. Sim, esse corpo é dele! Mas agora, mais do que nunca, esse corpo é do universo que o completa de razão e sentimento. O telefone toca, ele não ouve. Do outro lado da linha ele ignora o amigo e pensa em si. Da cozinha onde um pouco d’água o molha sensualmente ele parece sentir uma vontade de que o espírito transcenda de alguma maneira que o faça voltar aquele momento tão especial. Sozinho no quarto (...) os poros se abrem (...) um cheiro de flores parece empestar a atmosfera que ela respira (...) e depois daquele momento tão sutil e interessante ele rabisca em uma folha de papel: - “Esse corpo é meu”.

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