20 de novembro de 2007

Conversas*


E lá vai o barco do nosso destino fluindo. enquanto de braços abertos, o vento (aquele do movimento) nos ergue e nos guia no tempo certo da nossa velocidade. Então sentimos o andar com todo o corpo! O desejo e o medo são amigos intímos. Penso que um se alimenta do outro. E vivem a nos alimentar...

No entanto, seria razoável colocar os desejos em dúvida e, por outro lado, desejar o duvidoso? Aliás, é possível desejar algo que não seja duvidoso, desconhecido e, portanto, desejável? Ou o desejo, sem dúvida, também pode co-existir com o medo do novo? Fico pensando... é mais fácil seguir em frente com as vontades e dúvidas. essa combinação nos forma e transforma a cada instante. é só permitimos. é só abrirmos os braços

Logo, o que seríamos sem as dúvidas? o que trazem os ventos? se a vontade nos move, a inquietude tem nos feito aprender. nos leva esse vento nos passos da dúvida. o além é a vontade de não ter certezas! e a vontade é o que move. movimento novamente. Logo sentimos o vento a nos levar mais e mais. e além.

Daí, tudo é mais colorido. a vontade de luz, a ilusão do cinza, a busca. virtuar-se pelo caminho dos desejos! sentir falta dela [a luz], vontade! é. e o melhor não é o encontro com ela [a luz]. é a sua busca. nessa busca podemos ser ela. ah! se o cinza for capaz de nos mostrar as cores que o forma... talvez a gente fosse capaz de descontrui-lo sempre sem pestanejar. De certo, não precisamos sempre de todas as cores, no fundo queremos é encontrar a luz... e descortiná-lo cabe a mim. eu vou esperar o dia que chega com o sorriso que eu quero que ele me abra. e assim fica fácil de achar o ritmo do movimento e o tom da cor certa. o segredo é aproveitar bem o cinza pra valorizar ainda mais a vida das cores que pintamos.

Em tempos de falta de cores, a gente acaba esquecendo que o cinza também é uma cor. Na vontade de que o tempo passe, se deslumbrar pela vontade de arco-íris é natural. E, como se fosse de repente, goticulas de agua penetram raios de sol. Outro dia vem chegando... às vezes a gente não consegue colorir. não consegue movimento. Uma pausa para reencontrar o encantamento do simples. O simples encantamento. Nem sempre as cores vem.

Pois é aí que o dia toma o sentido que ela merece. O sentido são as cores em movimento, que nos remete ao frio, que nos ensina a brincar. a flor e a lua. tudo é luz, e então cores do dia que são!
e então brincamos de verdade. A verdade pode ser o perfume da flor desejada ou a luz da Lua admirada. O cotidiano fica iluminado e perfumado, mesmo que a nossa volta tudo esteja cinza. A verdade [brincada] dá cor ao dia.

E então... corre pelos ventos uma sensação de aroma de flor de verdade, daquelas que se abrem para a inventividade mais próxima, que desvia as vicisssitudes do corriqueiro. Como se a verdade fosse a brincadeira mais gostosa.

Movimentar a verdade é a principal demanda. Nós demandamos até de verdade-inventada, desde que seja bem lúdica [linda].

O desejo, então, é a demanda do dia-a-dia! Movimenta verdade, alimenta saudades!


Ilustração: Bianca Pyl

*Este texto é resultado da troca de recados com a doce e delicada flor Bianca Pyl e participação de um carioca super querido Gustavo Barreto. Pra mim se formou como um texto só nossos diálogos. Lindos :D

3 comentários:

Comissão Pró-Índio de São Paulo disse...

O que dizer de tanta beleza-simples-sincera?

Muitos sorrisos para vocês amigo querido.

Beijos.

Zé Diego disse...

beleza...simples corriqueira, movimentada...a luz sempre são todas as cores né?!dependendo quando você olhe e como você olhe tudo pode se configurar diferente...gostei..

Franklin Marques disse...

que coisa bonita. parece um arranjo de flores do campo.