19 de março de 2012

Choras?





- Você saberia a tal resposta? - Perguntou alguém (inter)ferindo (em) seu pensamento
- Não, seria desgastante demais deixar as perguntas. - Respondeu achando que enganava a si próprio
- Pois então se deixe questionar. A primeira das dúvidas vai: "é fácil cair de amores, de pensamentos e vontades de outrem e continuar sozinho?"
- Não me farás vulnerável com essa piadinha tortuosa, meu caro. Sei inclusive quais as vicissitudes de seus argumentos falhos. Não obstante, continuo afirmando preferir as dúvidas.
- E por que choras então?
(...)


Não se ajudou por um momento. Mais agendamentos de cordialidades, mais indelicadezas com seu reflexo. Caminharam até a porta e desligaram a luz.  Vai um ouvir as sonoridades descompassadas e vai outro tentar achar uma brecha no barulho. Enfim, concentrado em arranjar perguntas mais evasivas, prefere a arte. 


Em tempo, enviou uma daquelas mensagens sem sentido para depois receber carinho em troca. Queria inverter a ordem, mas não tinha amor pra esperar, só as dúvidas que certamente estavas a cultivar.


- Perguntarei o quanto for preciso. Quero meu passo de dúvidas, quero a liberdade em teus braços.
- Obrigado, respondeu sem pensar.


E se entregaram ao sono, ele e seus pensamentos.


Foto: Paulo Lima

3 comentários:

Anônimo disse...

Lindo texto, Niltim! O outro, sempre o outro!

Guebo disse...

Suas palavras me ch/tocam... ;)

N. disse...

Obrigado Lu... um elogio seu, tão elegante e mobilizador com as palavras, é um afago incrível.

Guebo, que bom que as palavras ch/tocam. As palavras são assim mesmo, tão escorregadias e tão certeiras, né? Fico feliz por vc sentir isso por aqui, mesmo!