11 de agosto de 2016

Sonho de Haikai


Foram tempos e tempos de caminhada por esse lugar. Entretanto se escondia nas sombras de tais pensamentos quando até mesmo parecia ter ido embora pra algum outro lugar. A tal deserção estancava qualquer boniteza dessa estrada, cheiro de pão queimado no forno - menos pelo odor em si e mais pela falta que fará um pão quentinho. A borda, crosta leve de desejo, massageia a aparência sutil de passeio pela sensação de cheiro de terra molhada.

Em algum momento a cena era adversa. Passava pela conquista de um novo olhar. A história tinha a capacidade de mudar o desejo, pensava, enquanto ria sozinho. Foi esse então o melhor devir, o tal do devir quereres. Pois daí só poderia dizer SIM! 

Mas tudo era dúvida. Passível de uma realidade cruel, devastadora de ilusões imagéticas. Modo sombrio de passadas. Encarando o fantasma do não, pão de sal preto, cheiro de fumaça. Mas ainda estava alí, potencial de carinhos com manutenção do lugar de cuidado, moldando literalmente a solitude ansiada.

É que esse lugar de caminho é o sonho. Sem pudores, ainda andas por aqui como um haikai:

Um ninho em mim
você na volta
saudade e fim!

Ilustração: Vânia Medeiros

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