
Tratou de esquecer a desgraça alheia e a maltratar os caminhos tórridos da conquista amalgamada. Insensível não poderia ser. Tanta coisa a se sentir nesse impropério absoluto que é a desilusão dos outros. "Não te prometi nada", costumava gritar em bom tom e de fato assim não o tinha feito.
Mais uma tarde passeando para distribuir o sentimento latente de desesperança e mais um tolo caminhava sem tato, sem usura, pelo lugar colocado como tempo. E vai a longos passos o encontrar, deixar solta a imaginação, comprometer desejos fílmicos e se duvidar até agendas inteiras. Fraternalmente, disse que não, ao soltar a imensa gargalhada (que ele não esboçava, mas que o outro de tanta certeza conseguia ouvir).
Agora, dava para contar piadinhas de amor a outrem. E que estivesse visto, para todo mundo ver, o rombo que o deixara na liberdade de sentir. Espizinhando, sem saber (e aqui sem hipocrisias simbólicas), no deleite do tal iludido. O deselegante não conseguiu compreender seu ego e aí é que estava a vitória. Ele ganhou por não se apaixonar por qualquer um, mas que qualquer um já o tivesse no coração.
Então diz que vai embora de forma ríspida para não prolongar a conversa. Diz até que estava pensando no outro, ou que está agradecido pelos elogios. No final, deixa o outro de pé, em algum canto desse lugar inóspito para que veja seu lugar de interesse desabado. Ganhou! E agora vai ser feliz, com tantos outros que te interessa mais. Solta um beijo com dizeres próprios e o outro chora no teclado da emoção. Se puder, vai sonhar com o amanhã e descobrir outro alguém que vai ganhar de novo por que ele não sabe jogar.
Foto: Ceci Larrea
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