16 de janeiro de 2012

Entre os rasgos daquele filme


Pontos como consequências da memória do corpo. Coooooorte, manteve uma concentração liberal e menos transeunte. Como uma paixão que não se pode ter, já que aquele olhar, traço físico de expressionismo abstrato do outro, nada lhe admite. Máquina de indecifrar as vicissitudes. Tal liturgia arrastou uma corrente fatídica no qual o corpo era muito menos do que santuário, ao contrário, era hipocrisia aceitá-lo como templo.

Tudo isso na busca da imperfeição. Como deixar de ser Deus? Pedia, sem pestanejar.

Logo que na chegada, olhou para todos os lados antes de atravessar a ponte que te separava do sonho. Chegada do sono, claro. Dormiu como se tivesse no cinema, assistindo a um filme que lhe cortava o coração. Era um drama, uma estória tão próxima das suas angústias que chegou a preferir um surrealismo e por isso dormiu. Foi para a ponte que tinha atenção para não ser intenso, ser vulnerável o suficiente para acordar quando tudo aquilo não fizesse mais sentido e o ponto fosse final.

Desdenhou da precisa semelhança de si para as fábulas que desfilam solidão em cenas fortes de desafago e/ou descontentamento. Então foi se jogar no abismo da clarevidência. Era uma mulher, pensaria agora. Só não teria útero e suas descamações, de resto, da intensidade de se cortar por dentro, estava bem próximo, até encontrar com a mão seu falo ereto, hasteado para apontar pro alheio.

Daí, era aquele homem do cinema, ignorado por ser e apanhado no limiar do ser.

Ilustração: Filipe Duarte

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