31 de janeiro de 2012

Pra estarmos juntos [Ou o casal da sala escura]


Fomos envolvidos por um desejo súbito, a vontade de entrar naquela tela imponente. Aquele milagre nos envolvia, nos interpretava, sem querer. A película dos nossos olhos juntos tinha, enfim, alguma coisa em comum. Como ao respirar um ar com um fio de luz que se transforma na grande fábula, da vida em duo, da companhia na poltrona. E sim, estamos conectados.


Ele preferia um suspense, gostou daquele que tomava uns sustos de aflição e desconfiança. E gostava, me alertava para os takes de suas vontades no entremeio. Eu preferi o drama, a arguição da personalidade complexa da história. E na emoção do plano sensível apertou minha mão como se agendasse nosso lugar de desafio. E estamos solícitos, juntos alí.

E o carinho passa por gostar da moça de cachos dourados, de fazer lista dos amores em comum, procurar a trilha sonora das caminhadas sem som, a pipoca compartilhada da liberdade, encostar sua cabeça no meu peito pra ficar mais confortável.

E estamos alí, pulando os traillers, um a um, até chegar no olho (no olho), na fotografia indispensável, no clímax. E estamos enlaçados pelo rolo de fita que nos coloca em movimento, selados com o beijo final. Ou de continuação...

para ele